Marrocos-Argélia: Académicos, “reféns impotentes” do divórcio entre os dois Estados

Ao falar sobre sua primeira viagem à Argélia, Youssef Bokbot é só elogios. "Foi magnífico!", diz o arqueólogo marroquino. Convidado para uma conferência em Tamanrasset em 2007, ele descobriu o grandioso sul argelino, as paisagens "de tirar o fôlego" de Hoggar e os sítios de arte rupestre "extraordinários" de Tassili. Em meados dos anos 2000, o intercâmbio entre cientistas dos dois países era comum. Em Rabat, o Instituto Nacional de Ciências Arqueológicas e Patrimônio (INSAP), onde o Sr. Bokbot leciona, recebeu muitos argelinos.
"Mas tudo isso, infelizmente, acabou", lamenta o professor, que situa a mudança após a eleição de Abdelmadjid Tebboune à presidência da Argélia, em dezembro de 2019. Youssef Bokbot cita como prova o fim de um projeto de escavação que equipes de ambos os países se preparavam para realizar em uma necrópole pré-islâmica no extremo sudeste do Marrocos. Devido ao clima tenso entre Argel e Rabat e ao risco à segurança associado à localização do sítio, próximo à fronteira, ambos preferiram se retirar. Desde então, nada. Os movimentos de arqueólogos de ambos os lados cessaram, assim como a comunicação.
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Le Monde